quinta-feira, 16 de julho de 2015

Ainda falamos em Direita x Esquerda ?

Um conceito que vem desde o século XIX ainda define um mundo compartimentado em dois segmentos, quando a complexidade do mundo mostrou suas multiplas realidades. Certamente um modelo enrijecido, ultrapassado e inutil para lidar e ser aplicado no nosso mutante mundo do século XXI. 

Insistir en esta classificação dual do mundo impedindo em avançar em novos conceitos de organização da sociedade e da política é inadmissível.

A organização da sociedade transita em um pendulo entre individuo e sociedade. A sociedade buscando exercer sua coersão sobre os individuos para o benefício de todos e os individuos por sua vez buscando modular a coersão da sociedade para assegurar liberdades individuais. Portanto, ambos são partes componentes de um sistema. Um sistema hierárquico onde os individuos se organizam em sociedades. Portanto, um não existe sem o outro, ambos os níveis dialogam, ambos tem que atingir um equilibrio frente as condições e circusntancias onde se encontram.  E de nada adiantará uma organizão que não traga o maximo de bem estar possivel a todos os indivíduos.  E é nesta busca que as experiencias de organização social tem ocorrido ao longo da historia do mundo. E o que pode ser um modelo de organização social perfeito em um determinado momento e lugar poderá não ser para outro. 

Sendo assim, poderiamos esperar que as ideologias


De modo geral, podemos dizer que a direita coloca seu foco no individuo e a esquerda no social. 


O valor central da direita está apoiado sobre o entendimento de que mesmo um estado forte e organizado é constituído por indivíduos, e o indivíduo sempre colocará os seus próprios interesses a frente. A direita entende que os seres humanos não são iguais e nunca serão. 
Todo sistema ideológico quando colocado na prática apresenta descontinuidades, paradoxos e simetrias. E dessas simetrias que ambos os lados se valem para atacar o outro. 

A direita não é dos ricos e a esquerda dos pobres. A direita é centrada no indivíduo a esquerda no coletivo. Ambos valores são necessários na construção de uma sociedade próspera e que garanta a liberdade do indivíduo, e ao mesmo tempo não tolere mecanismos de perpetuação. Por motivos óbvios os valores de esquerda seduzem muito mais os pobres que os de direita ( aqueles que tem mais dificuldade de andar com as próprias pernas). E também não é coincidência que a maioria dos pobres que conseguem prosperar começam a se inclinar para a direita. Precisamos de um diálogo mais honesto sobre direita x esquerda. Pelo menos no campo ideológico


  • Nem tanto sobre a esquerda, Sérgio Borges, até porque passei minha vida inteira acreditando nisso e, hoje, consigo entender o que mudou: eu finalmente quis me desvencilhar do grande plano coletivo para seguir meu caminho individual - sem acreditar que o coletivo (ou o eu) era um inimigo.

    E me deparei com a impossibilidade do eu, presa num sistema em que meu esforço pessoal real poderia sim me dar a vida que eu almejo e que trabalho para conseguir, mas vendo o que recebo por tal esforço indo ora para corruptos ora para impostos que mantêm serviços públicos que nunca me ajudaram em nada. 

    Presa em uma situação em que sou obrigada a manter o coletivo destruindo o individual, percebi que esta oposição entre eu x todos é a primeira grande falácia do pensamento de esquerda. Nenhum sistema que destrua a liberdade individual em nome do todo pode existir – creio que por isso chamam de utopia. E a grande prova de que é uma utopia é que não há ser humano que abdicará totalmente de si mesmo e de sua família em nome do país ou do globo. Fosse assim, toda esquerda estaria na África, no Oriente Médio ou perseguindo os nomes que surgem nas manchetes de jornal. Obviamente, nos importamos com o coletivo e o caminho é encontrar uma forma de ouvir o individual e ajustá-lo ao coletivo para que a corrupção generalizada não tome conta. Há regras coletivas e estas regras precisam contemplar a liberdade do um, precisam possibilitar os caminhos de cada um seja eles quais forem. 

    A ideia de que o esquerdista suprime o eu em nome do todo é a maior mentira já contada no pensamento supostamente politizado, porque passa cegamente por cima das próprias narrativas, não enxergam que nem eles mesmos conseguem sê-lo (vide presidenta e sua equipe de amiguinhos). É a grande hipocrisia. A ideia de que o esquerdista precisa ser pessoalmente atingido para se importar também não existe, sendo que eles se vangloriam de serem o oposto disso (ainda não vi um esquerdista nesta vida então, mas ok). 

    O grande, o maior problema segue sendo a dualidade intrínseca ao pensamento marxista, o “eu contra eles” que tanto criticam no PT com razão. 

    Enquanto vivermos em um mundo em que minto que meus desejos individuais importam, eu cancelarei a liberdade do outro de tê-los e jamais sequer buscarei formas de ajustar o um ao todo, criando falsos modelos de comunidade que sempre gerarão violência e nunca se manterão (como nunca se mantiveram), por exigirem opressão extrema – como podemos ver na América Latina atual ou ao longo da história no mundo.

    Então, não é que sejam malvados ou individualistas, pelo contrário. São ingênuos e infantis (daí a repetida máxima que ser comunista após os 30 é uma piada) e vivem num universo em que a busca concreta dos desejos particulares ora não pode ocorrer ora não existe. Enfim, negam basicamente tudo que as ciências do eu confirmam que forma o eu. É um mundo em que o eu é um demônio, como tanto lemos nos posts-manifestos que nada mais comprovam uma total falta de capacidade de existirem enquanto indivíduos completos, eu-eu, eu-mundo.

    É um mundo doente basicamente. Doente, triste e violento. E não dá mais. Simples assim.
  • Sérgio Borges A falácia do preto no branco, da falsa dicotomia é absurda em política. Não ser de esquerda não é sinônimo de militarismo ou direitismo extremo. Entre a esquerda e a direita existe um lugar que se chama centro, existem outras opções e se esquece disto....Ver mais

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